Porque que é que o metro tem o comprimento que tem?
A história do metro começa no ano de 1791 em plena Revolução Francesa, com a instauração do sistema métrico. Até lá, um pouco de história...
Até essa data o homem utilizava como medida de comprimento certo tipo de referências, tais como o comprimento dos pés, calculando distâncias colocando os pés à frente um do outro, o que causava, logicamente, grandes disparidades:
- o pé napolitano equivalia a 26,35 cm;
- o pé utilizado na Grã-Bretanha era de 30,48 cm (actualmente ainda em vigor na aeronáutica) e que alguns acreditam que era a medida do pé do rei Henrique I da Inglaterra;
- o pé francês de 32,48 cm.
Mas nunca rivalizando com o pé das gentes da Casa dos Patudos (1 e 2), lá para os lados de Alpiarça!!! :)
Continuando...
Outra medida de comprimento utilizada até então era a Jarda, igualmente de dúbia definição. Henrique I de Inglaterra decidira que seria a distância entre a ponta do nariz e o polegar de uma pessoa com o braço esticado! Os comerciantes de tecido apressaram-se a recrutar vendedores com braço curto!
Como tal, sempre foi uma medida demasiado curta para ser instaurada em Portugal, pois, sempre foi e será uma patologia da nossa classe política que nunca conseguiu perceber para que servia uma medida tão curta!! (não por terem o braço curto)
Não perdendo o fio à meada...
Claro está que este tipo de subjectividade e disparidade entre as medidas utilizadas causava grandes dificuldades aos cientistas da época, que, durante o Renascimento, se propuseram a resolver esta questão.
Em 1760 foi proposto que se tomasse como referência o meridiano terrestre e se desse o nome de "milha" ao comprimento de um minuto desse meridiano. A milha de Mouton, como foi apelidada, graças ao vigário da igreja católica Gabriel Mouton que a sugeriu,é ainda hoje utilizada quase exclusivamente na navegação marítima e em medição de distâncias náuticas, por isso apelidada de milha naútica ou marítima, correspodendo a 1852 metros.
No entanto, e para não falar da tarefa exaustiva que era determinar com exactidão o comprimento do meridiano terrestre, não era a medida mais adequada e versátil às "dimensões" da vida quotidiana.
Em meados do século XVIII alguns cientistas decidiram dar o nome de metro (99,6 cm) ao comprimento do pêndulo que marca o segundo, ou seja, efetuando uma oscilação a cada dois segundos.
Tá claro que a duração das oscilações varia de acordo com a latitude, pois devido ao achatamento polar a gravidade é maior nos pólos; portanto, era necessário escolher um paralelo de referência para o pêndulo-padrão. Como tal, e era tal o nacionalismo por parte dos cientistas franceses, que escolheram o paralelo 45, que passa próximo de Paris.
Sendo assim, em 1790 a medida de comprimento era o metro-pêndulo, definido como o comprimento do pêndulo marcando o tempo de 1 segundo aos 45º de latitude.
Pouco tempo mais tarde, em 1791, a Academia de Ciências de Paris, formou uma comissão que pudesse tranformar a unidade de comprimento na escala decimal, pois a escala decimal foi a partir de então instaurada para todos os pesos, medidas e moedas.
Assim o fizeram, recorrendo novamente ao meridiano terrestre, o meridiano que passa por Paris, dividindo a distância que separa o Pólo Norte e o Equador por 10 milhões de partes.
Agora só faltava medir o comprimento desse meridiano!!!
Tarefa árdua que foi conseguida através de importantes triângulações geométricas entre as cidades francesas que estavam alinhadas segundo o meridiano. Entre 1791 e e 1794 foram efectuadas essas medições, e definida a distância entre as cidades de Dunquerque e de Montjuich (perto de Barcelona), possibilitando uma extrapolação para a distância entre o Pólo e o Equador.
Estava definido o metro-padrão, e em 1795 foi fabricado o primeiro metro-padrão numa liga de cobre e zinco, o vulgar Latão.
(Em continuação... e por motivos ainda não compreendidos o trabalho já estava finalizado quando o computador me gravou só metade do que tinha feito... frustrante não é... fdx...)